Dados divulgados pelo Ministério da Saúde, obtidos em um levantamento pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) apontam que a obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas no Brasil. O número de pessoas com obesidade mórbida ou índice de massa corporal (IMC) grau III, que configuram os casos acima de 40, atingiu 863.086 pessoas no ano passado. Como referência, considera-se obesidade quando o IMC é igual ou acima de 30.

Esse dados são alarmantes e apontam que houve um crescimento considerável de casos de obesidade nos últimos 4 anos. Uma razão provável para o agravamento deste cenário foi a pandemia, que nos impôs restrições sociais e mudanças de hábitos. Mas não podemos desconsiderar outros fatores muito anteriores, como as facilidades de acesso a alimentos industrializados (muitas vezes calóricos e pouco nutritivos), uso de elevador, escada rolante, controle remoto e diversas outras comodidades que nos poupam energia.

Mas afinal, o que configura a obesidade?

A obesidade é uma doença crônica, que se caracteriza principalmente pelo excessivo acúmulo de gordura corporal. Trata-se de uma doença multifatorial, o que significa que não é apenas uma causa que leva às pessoas a serem acometidas por ela. Algumas causas apontam para:

  • Fatores genéticos – como alteração hormonal e metabolismo mais lento, por exemplo
  • Sedentarismo – gasto de energia menor que o adquirido na alimentação
  • Alimentação ruim, com muitos industrializados, rica em gordura, açúcar e carboidrato
  • Fatores psicológicos – a relação com a comida e os tipos de fome (fisiológica, emocional, social), algumas vezes ocorrem como atitude alternativa para lidar com emoções e sentimentos difíceis de administrar. Sabe-se que há uma importante contribuição, uma vez que alguns transtornos mentais, ansiedade, depressão, compulsão alimentar possuem uma relação direta com obesidade

Como saber se tenho obesidade?

Atualmente a referência utilizada é a partir da medição do IMC, que significa, índice de massa corporal. Para que uma pessoa seja considerada obesa, esse índice precisa estar igual a 30 ou mais.

Para a pessoa conhecer o seu IMC é necessário fazer a seguinte conta: IMC = peso / altura X altura. Vamos ver um exemplo: João pesa 80kg e a sua altura é de 1,70, então, o IMC de João é 80(Kg) / 1,70 X 1,70 ⇒ 80/ 2,89 ⇒ 27,68. Conforme a tabela da Organização Mundial da Saúde o índice de João corresponde à faixa de sobrepeso.

Somado ao IMC outras referências podem ser utilizadas, como: circunferência abdominal e percentual de gordura corporal. Com base em todas essas informações o médico e/ ou o nutricionista pode orientá-lo sobre as melhores condutas de tratamento para redução de peso.

Porque a Obesidade é uma doença preocupante?

Além de questões mais amplas de qualidade de vida e disposição para lidar com as coisas do dia a dia, estamos falando que a obesidade tem relação direta com diversas comorbidades (ou seja outras doenças associadas) que vão desde hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, problemas articulares, dificuldades respiratórias, apneia do sono, risco aumentado de embolia pulmonar e alguns tipo de câncer. É importante que você saiba que a obesidade, assim como outras doenças crônicas, não tem cura, mas tem controle.

Outro fator de grande relevância são os efeitos psicológicos negativos que envolvem: depressão, baixa autoestima, transtornos alimentares, estresse, baixa qualidade de vida, distanciamento social e o enfrentamento do estigma e julgamento social.

As pessoas com obesidade frequentemente descrevem sofrer julgamentos como se fossem preguiçosas, descuidadas, não possuíssem força de vontade e etc. O que a sociedade não entende é que atitudes como essa, trazem sofrimento e agravam ainda mais uma situação que já é desafiadora, além de contribuir para a subnotificação de casos e a não procura de ajuda profissional, por vergonha, medo do julgamento entre outros motivos.

Quem é o profissional ideal para o tratamento da obesidade?

Como comentamos antes, trata-se de uma doença crônica multifatorial, portanto o tratamento deve ser conduzido por uma equipe multiprofissional, envolvendo o psicólogo, nutricionista, educador físico e médico.

Como é o tratamento da Obesidade?

O tratamento da obesidade requer uma revisão sobre os hábitos de vida, envolvendo a incorporação de uma alimentação saudável e balanceada, prática de atividade física regular, acompanhamento psicológico para compreender sobre o comportamento alimentar e aprender formas mais funcionais de se relacionar com os alimentos. Em alguns casos, pode ser recomendado o uso de medicação e/ ou cirurgia bariátrica, mas essa conduta deve ser avaliada por um médico especializado no assunto.

Se eu tenho predisposição genética para obesidade, significa que serei obeso?

Embora você tenha um fator a mais de risco para a obesidade, assim como ocorre com outras doenças, você pode ou não desenvolvê-la.

Um dado relevante da SBCBM é que quando um dos pais é obeso, há uma possibilidade de 50% de que os filhos também sejam. Quando ambos, pai e mãe, são obesos, esse percentual pode subir para 80%.

A boa notícia é que apesar da relevância destes fatores genéticos, a adoção de bons hábitos de vida, o quanto antes, pode fazer com que essa situação seja evitada.

De que forma um psicólogo pode ajudar na prevenção ou tratamento da obesidade?

Através da psicoterapia, a pessoa pode:

1. reconhecer crenças negativas e irracionais que podem contribuir para a obesidade, pois influenciam comportamentos alimentares prejudiciais.

2. identificar e modificar comportamentos alimentares inadequados, como comer emocional, compulsão alimentar e padrões de alimentação não saudáveis.

3. aprender a desenvolver estratégias mais saudáveis de controle da alimentação.

4. desenvolver habilidades de enfrentamento emocional para ajudar a lidar com estresse, ansiedade e depressão de maneira mais saudável, em vez de recorrer à comida como uma forma de conforto ou alívio ao deparar-se com sentimentos desagradáveis, como aborrecimento, raiva ou tristeza.

5. Ajudar a pessoa a desenvolver habilidades de resolução de problemas para enfrentar desafios relacionados à perda de peso e à manutenção do peso saudável.

Além de ajudar a pessoa a perder peso, a psicoterapia pode ajudar na manutenção do peso a longo prazo, desenvolvendo estratégias para prevenir o reganho de peso.

É importante observar que a psicoterapia é, frequentemente realizada, em conjunto com outros profissionais, como o nutricionista, o educador físico e o médico. Cada um, em sua área de conhecimento, aborda questões específicas relacionadas à obesidade e cria em conjunto ao cliente um plano abrangente de gerenciamento de peso. O acompanhamento deve ser personalizado para que o tratamento seja eficaz.

* As informações acima se propõem a orientá-lo a identificar a necessidade de procurar ajuda profissional. Somente um profissional capacitado para isso pode fazer o diagnóstico.