Antes de falarmos sobre o acompanhamento psicológico para cirurgia bariátrica, vamos entender um pouco sobre a cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia metabólica, cirurgia de redução de estômago ou de perda de peso.
Trata-se de um procedimento médico, realizado em pacientes com obesidade severa ou mórbida, cujo principal objetivo é ajudar os que já tentaram outras estratégias de redução de peso, como dieta, exercícios e tratamento com medicamentos para obesidade, mas que não foram bem sucedidas.
Além de redução de peso, os grandes benefícios deste tipo de procedimento são a remissão de doenças associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão (e outras), a diminuição do risco de mortalidade e o ganho em qualidade de vida.
Quem pode fazer a Cirurgia Bariátrica?
A indicação deste procedimento, conforme a Organização Mundial da Saúde, leva em consideração:
- IMC (índice de massa corporal);
- Idade do paciente;
- Presença de doenças associadas (comorbidades);
- 2 anos com IMC estável;
- E ainda, não ter obtido sucesso com outras estratégias.
Porque é necessário Acompanhamento Psicológico Para Cirurgia Bariátrica?
A psicologia desempenha um papel crucial tanto no processo de avaliação e preparação de pacientes que desejam realizar a cirurgia bariátrica, quanto após o procedimento ter sido realizado.
Antes de realizar a cirurgia, os pacientes passam por uma avaliação médica completa, e também por avaliação psicológica, para assegurar que estejam “aptos” e bem preparados emocionalmente e psicologicamente para o procedimento e para as mudanças de estilo de vida que virão após a cirurgia.
Um requisito para a realização do procedimento é o laudo emitido pelo psicólogo prestando tais informações, e nesse sentido é importante saber como escolher um psicólogo para acompanhar você nessa jornada.
De que forma o acompanhamento psicológico pode ser útil antes da cirurgia bariátrica?
- Avaliação psicológica pré-cirúrgica: Os pacientes são submetidos a avaliações psicológicas para determinar sua adequação para a cirurgia. Isso envolve a avaliação de sua motivação, compreensão dos riscos e benefícios, expectativas de resultado, histórico de saúde mental, fatores de risco psicológico, rede de apoio e o entendimento que o processo não se encerra com a cirurgia.
- Tratamento de condições de saúde mental: Pacientes que apresentam condições de saúde mental, como depressão, ansiedade e transtorno de compulsão alimentar, podem receber acompanhamento psicológico antes da cirurgia. Embora a presença de tais condições não sejam considerados como contra-indicações, é importante que estejam estáveis, sob controle.
- Educação e aconselhamento: Os psicólogos fornecem informações detalhadas sobre o procedimento cirúrgico, expectativas pós-operatórias, mudanças necessárias na dieta e no estilo de vida. Consequências comuns, incluindo flacidez, perda de cabelo, necessidade de acompanhamento pós-cirúrgico com os profissionais envolvidos no processo, suplementação nutricional. Outro aspecto de grande relevância nesta etapa, é que o paciente aprenda a identificar e manejar os tipos de fome física ou emocional.
- Apoio emocional: A cirurgia bariátrica é uma jornada emocionalmente desafiadora. Os psicólogos oferecem suporte emocional e estratégias de enfrentamento para ajudar os pacientes a lidar com o estresse, ansiedade e preocupações durante o processo.
- Promoção de mudanças de estilo de vida: Os pacientes aprendem a desenvolver e manter hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e comportamento. Os psicólogos auxiliam na construção de habilidades de autorregulação e autocontrole.
- Emissão de laudo psicológico: O laudo é o documento oficial, no qual o psicólogo vai oferecer as informações obtidas a partir do acompanhamento, orientando a equipe técnica sobre as condições psicológicas e emocionais que o paciente se encontra, para enfrentar o processo de mudança que envolve a cirurgia bariátrica e também seus desdobramentos pós procedimento.
E de que forma o psicólogo ajuda no pós-operatório?
Embora haja um julgamento social de que o processo é “mais fácil” que travar uma luta para a redução de peso sem cirurgia, cabe salientar que os desafios para quem opta por seguir esse caminho, não são pequenos. Lidar com uma mudança desta proporção, de forma drástica requer um preparo e suporte emocional.
Nesta fase a atenção está voltada para:
- Lidar com a adaptação a uma nova dieta, tanto em termos de quantidade, mas também forma de apresentação – alimentação líquida inicialmente. Ajudá-lo na compreensão de que esse é o alimento adequado para o momento, apesar de visualmente parecer que não vai saciar a fome.
- Ajustar-se às mudanças na imagem corporal e enfrentar possíveis desafios emocionais.
- Acompanhar o comprometimento com o processo, o progresso dos resultados, identificar problemas ou possíveis recaídas que possam surgir.
Sabendo de tudo isso, fica claro que a colaboração entre cirurgiões bariátricos, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos é essencial para potencializar o sucesso a longo prazo dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. A abordagem integrada aborda tanto as necessidades físicas quanto emocionais, contribuindo para uma recuperação mais eficaz e uma maior chance de sucesso na perda de peso sustentável e na melhoria da saúde geral.
Enfim, a cirurgia bariátrica é uma estratégia importante e que pode beneficiar muitas pessoas que já fizeram outras tentativas de melhorar a sua condição de saúde com a perda de peso. Mas é importante ter consciência de que não é uma solução milagrosa, rápida, sem esforço, ou que o médico fará o procedimento e deste dia em diante estará tudo resolvido.
Alguns pacientes chegam com a expectativa de que inicialmente não sintam fome, mas que em médio prazo poderão voltar a comer como antes, sem engordar. Isso não é real e vai contra a proposta de ganho de saúde e qualidade de vida que se busca com esse procedimento.
É imprescindível que haja comprometimento do paciente com todas as etapas da mudança para evitar o risco de reganho de peso.