A dependência emocional, embora seja frequentemente associada aos relacionamentos amorosos, pode estar presente também em relações familiares, profissionais e de amizades. Sendo assim, os padrões de dependência emocional podem se manifestar nos diferentes tipo de relacionamento, mas possuem características semelhantes.
Embora seja mais frequente verificar essa forma de se relacionar entre mulheres, também pode se fazer presente no universo masculino. A característica central da dependência emocional é a necessidade excessiva do outro para sentir-se seguro, validado, protegido e feliz.
Veja alguns sinais de dependência emocional em amizades:
- Precisar consultar a amiga para resolver todos os seus assuntos, desde os mais simples aos mais complexos, por sentir-se vulnerável e insegura em solucioná-los sozinha
- Autoabandono para manter a amizade -Fazer escolhas conforme o interesse da outra pessoa, como exemplo: escolher cursar a mesma graduação que a amiga, para continuarem estudando juntas, não levando em consideração se essa é a sua área de interesse e se identifica com a futura profissão. É como se adaptasse o seu plano para contemplar a outra pessoa, negligenciando a si mesma.
- Sentimento de exclusão quando a amiga mais próxima sai com outros amigos, ou engata em um novo namoro. Surge o sentimento de abandono, exclusão e o medo de ser deixada de lado. A presença do ciúme pode ser um sinal de alerta, neste caso!
- Cobrar da amiga que não se relacione com pessoas que você não gosta ou que sejam seus desafetos. É como se fosse exigida lealdade e isso invalidasse a individualidade e a diferença de opiniões. Além disso a pessoa dependente também tende a concentrar-se exclusivamente em uma amizade específica, apoiando-se neste amigo para todas as suas necessidades emocionais
- Necessidade de atenção da amiga em tempo integral, esperar que ela responda mensagens de forma imediata e de ser valorizada por ela constantemente. Uma espera mais prolongada pode ser interpretada como desinteresse e rejeição.
- Necessidade excessiva de aprovação da outra pessoa e validação de que o que fez é certo ou errado. Isso ocorre devido ao receio de agir de forma diferente e deixar de receber o afeto da outra pessoa. A sua necessidade é de ter “garantias” de que é valorizada pelo amigo.
- Fusão emocional, onde a pessoa tem dificuldade em distinguir suas próprias emoções das emoções do amigo. O dependente emocional frequentemente expressa uma despersonalização, visto que a pessoa não consegue ou vai perdendo a capacidade de identificar em si as características, afetos ou significados que fazem sentido para si e passa a utilizar os do outro como referência
- Relacionamentos tóxicos: Assim como nas relações românticas, a pessoa com dependência emocional pode permanecer em amizades tóxicas, mesmo quando são prejudiciais, por medo de ficar sozinha ou de perder a amizade. Neste caso, pode haver uma dificuldade em estabelecer e manter limites saudáveis, se sentir desconfortável ao dizer “não” ou pode permitir que o amigo ultrapasse limites pessoais.
Como vimos a pessoa que sofre com dependência emocional enfrenta sentimentos constantes de insegurança, ansiedade e medo de rejeição. Mas se olharmos pela perspectiva do amigo que percebe haver uma relação emocionalmente dependente dele, também exige uma convivência desafiadora.
Alguns sentimentos comuns são de sobrecarga com as demandas emocionais do outro, exigindo uma disponibilidade de tempo, energia e recursos emocionais; sensação de responsabilidade excessiva pela estabilidade emocional do outro; culpa ao precisar estabelecer limites, especialmente quando percebe que a pessoa não reage bem nestas situações.
Eu tenho um amigo que depende emocionalmente de mim. O que fazer?
- Reconheça seus próprios limites emocionais e esteja ciente de como a dependência emocional da outra pessoa pode afetar você. É importante cuidar de sua própria saúde emocional ao mesmo tempo
- Tente entender as necessidades emocionais da pessoa dependente com empatia. Pode ser útil ouvir atentamente e validar seus sentimentos, demonstrando que você se importa com o que ela está passando
- Sugira a ideia de procurar ajuda profissional, como um psicólogo, para que ela possa trabalhar suas questões emocionais de uma maneira mais especializada
- Defina limites claros para proteger sua própria saúde emocional. Isso pode incluir comunicar de maneira gentil, mas firme, que você não pode ser a única fonte de apoio emocional e que é importante ela diversificar suas relações de apoioIncentive sua amiga a desenvolver sua autonomia emocional. Isso pode envolver a exploração de atividades independentes, hobbies, ou o estabelecimento de outras relações significativas
- Encoraje-a a refletir sobre suas próprias necessidades emocionais e a explorar maneiras de atender a essas necessidades de forma saudável e equilibrada
- Lembre-se de que não é sua responsabilidade resolver todos os problemas dela. Apoiar é importante, mas a responsabilidade pelo desenvolvimento emocional e pelo bem-estar dela é, em última instância dela mesma
- Seja honesto sobre suas próprias limitações e a necessidade dela buscar apoio adicional. Expressar isso de maneira compassiva é fundamental
- Ajude-a a construir uma rede de apoio mais ampla, incentivando relações com outros amigos, familiares ou grupos de apoio
- Destaque a importância do autocuidado e sugira atividades que promovam o bem-estar emocional, como exercícios, meditação ou práticas relaxantes
Esses fatores podem variar de pessoa para pessoa, e muitas vezes estão presentes uma combinação de vários desses elementos.
É importante abordar esses desafios de maneira cuidadosa e equilibrada. Estabelecer limites saudáveis, promover a autonomia do outro e incentivar a busca de ajuda profissional são estratégias que podem ajudar a enfrentar esses desafios de maneira eficaz.
As dinâmicas da dependência emocional em amizades podem variar, assim como ocorre em relacionamentos românticos. Se você perceber padrões de dependência emocional em suas amizades e achar que isso está afetando negativamente sua qualidade de vida, pode ser útil buscar apoio profissional, para explorar e abordar esses padrões de maneira saudável.
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