Embora não seja reconhecido como uma doença, pela Organização Mundial de Saúde ou descrito pelos Manuais de Transtornos Mentais (DSM), a Síndrome do Impostor é uma desordem psicológica bastante prevalente nos locais de trabalho.

Um estudo de 2020, com a participação de 700 mulheres, realizado pela KPMG aponta que cerca de 75% das executivas declararam já terem experimentado pessoalmente a “síndrome da impostora”. As mulheres são as mais afetadas, ainda que também ocorra entre os homens. Uma razão para isso se deve às normas culturais históricas, desigualdades no mercado de trabalho e etc.

A síndrome do impostor refere-se a pensamentos que reforçam a perda de confiança em si e a sensação de que o sucesso atingido não foi merecido. Você já deve ter escutado por aí ou até mesmo pensado coisas, como:

  • Não sou bom o suficiente para fazer uma determinada tarefa;
  • Daqui a pouco alguém vai descobrir que não sou “tão competente assim”;
  • Daquela vez que eu fiz uma boa entrega, só deu certo porque tive sorte ou alguém me ajudou; (não por merecimento)
  • Os elogios que recebi foram porque a pessoa queria ser educada/ gentil comigo;
  • A qualquer momento vão perceber que outra pessoa mais qualificada deveria estar no meu lugar;

Note que muitas vezes está vinculado a uma crença de não sentir-se merecedor de estar onde está, de correr o risco de ser descoberto, de estar enganando as pessoas e a qualquer momento as pessoas vão descobrir quem ele realmente é e, fatalmente, ficará exposto.

Procrastinação e a síndrome do impostor

Associado a isso é comum observar comportamento de procrastinação em pessoas que possuem essa percepção acerca de si mesmo, muitas vezes devido a insegurança para enfrentar algum desafio e não sentir-se preparada para tal.

Outro comportamento frequente é usar de “autossabotagem” para confirmar sua crença de não ser capaz ou merecedor. Explicando melhor, a pessoa pode não se esforçar tanto, ou deixar uma tarefa para ser executada de última hora e não ter tempo suficiente para revisar ou fazer uma entrega melhor. O resultado pouco satisfatório confirma a crença de não ser tão capaz de fazer uma boa entrega.

As pessoas que se identificam como “impostoras” normalmente não ficam confortáveis em receber elogios e quando isso ocorre, acreditam que não foi tão bom assim e que qualquer um teria feito o mesmo.

Sua crença é que sempre alguém faria algo melhor. Não consegue se ver de uma forma realista, pois a “lente” através da qual se olha é bastante rigorosa e exigente. Numa comparação com outras pessoas, se vê frequentemente como “inferior”.

Como eu faço para lidar com a síndrome do impostor?

É comum observar comportamento de procrastinação em pessoas que possuem essa percepção acerca de si mesmo, devido a insegurança para enfrentar algum desafio e não sentir-se preparada para tal, portanto adiam tarefas até a última hora e depois não têm tempo suficiente para revisar ou fazer uma entrega melhor. A procrastinação também pode ocorrer por perfeccionismo, necessitando sempre mais uma revisão, não conseguindo considerar o trabalho como finalizado.

As pessoas acometidas pela síndrome, não ficam confortáveis em receber elogios e quando isso ocorre, acreditam que não merecem destaque, afinal qualquer um teria feito a mesma entrega. (inclusive gastam tempo justificando). Isso ocorre porque não conseguem se ver de uma forma realista, pois a “lente” através da qual se olham é bastante rigorosa e exigente. Numa comparação com outras pessoas, se vêem como inferior e não se trata de falsa modéstia.

Uma “armadilha” comum é condicionar só experimentar uma prática nova somente depois de fazer mais um curso, mais uma mentoria, a leitura de mais um livro e por aí vai, entendendo que nunca possui conhecimento suficiente.

Sugestões para lidar com a síndrome do impostor

  • Cheque se os seus pensamentos correspondem a realidade ( nem tudo que pensamos é uma verdade absoluta); busque evidências para confirmar ou refutar os pensamentos habituais, peça o feedback de alguém que você confia;
  • Analise como se estivesse olhando a situação de fora e avaliando outra pessoa, como você perceberia a situação? (tendemos a ser mais rigorosos com a gente mesmo);
  • Identifique se um pensamento recorrente de não ser capaz pode ser substituído por um pensamento alternativo, como: na situação X eu me saí muito bem, na Y eu acertei em tais aspectos e poderia melhor em outros;
  • Reconheça seus méritos no percurso, vá além de olhar as oportunidades que alguém talvez tenha lhe dado

Com o passar do tempo você deve passar a se perceber diferente, reestruturar seus pensamentos e com isso tende a reduzir atitudes que prejudiquem a chegada aos seus objetivos.

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