A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido amplamente estudada desde a década de 60 e atualmente é reconhecida, mundialmente, como a abordagem de primeira escolha para o tratamento psicoterápico de grande parte dos transtornos com componentes psicológicos.

Duas de suas premissas são que pensamentos e emoções influenciam nossos comportamentos. E o modo como nos comportamos pode afetar nossos padrões de pensamento e emoções.

Como funciona a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)?

A TCC tem por princípio a colaboração entre paciente e terapeuta para juntos identificarem crenças, emoções e pensamentos disfuncionais que interferem nos comportamentos. Mediante a identificação de pensamentos disfuncionais, algumas técnicas são utilizadas para questioná-los a fim de promover as mudanças necessárias.

Para a Terapia Cognitivo-comportamental o que importa é a forma como a pessoa sente e interpreta as situações vividas, não os fatos em si.

A TCC é uma abordagem psicoterapêutica estruturada e orientada para resultados, que se concentra em identificar e modificar padrões de pensamento e comportamentos disfuncionais.

Qual o papel do psicólogo na Terapia Cognitivo-Comportamental?

O psicólogo atua em parceria com o paciente a fim de identificar as crenças, ou ideias, que o paciente tem a respeito de si, das outras pessoas, do mundo, quais as regras que o paciente construiu durante a vida e como reage a elas.

Para exemplificar, algumas crenças comuns:

  • eu não consigo fazer uma determinada tarefa
  • eu não sou bom em tomar decisões
  • as pessoas não são boas
  • ninguém vai querer ficar comigo
  • eu sou uma pessoa interessante
  • eu sou um profissional competente
  • o mundo é perigoso
  • eu preciso ter a admiração de todas as pessoas

E quanto as regras, seguem alguns exemplos:

  • se as pessoas não são boas então eu não posso confiar nelas
  • se eu preciso ter a admiração das pessoas, então eu preciso fazer de tudo para agradá-las
  • se eu sou um profissional competente, então eu sou capaz de conquistar a promoção que desejo

Mas de onde vêm essas crenças?

As nossas crenças são formuladas a partir de uma combinação de fatores que incluem as nossas experiências de vida, desde a infância, aprendizagem social e a forma que interpretamos e processamos essas informações. As nossas crenças passam a atuar como se fosse uma lente através da qual nos vemos e vemos o mundo ao nosso redor.

Um dos objetivos da psicoterapia é identificar quais destas crenças são úteis e portanto contribuem para o nosso desenvolvimento e quais são disfuncionais, nos limitam e portanto deveriam ser revistas.

As nossas crenças nos ajudam a tomar decisões de forma mais rápida e eficiente, mas não necessariamente nos ajudam a tomar boas decisões, caso elas sejam pouco realistas ou inflexíveis. Para dar um exemplo prático, se você acredita que o mundo é um lugar hostil e perigoso, não seria surpreendente que você evitasse expor-se a novas descobertas e experiências para evitar correr certos riscos.

E como a psicoterapia através da TCC pode me ajudar?

A partir de uma intervenção, chamada de psicoeducação, que é uma prática muito utilizada na TCC, o psicólogo ensina o paciente a identificar, monitorar e compreender a respeito dos seus pensamentos, emoções, seu padrão de comportamento, os seus mecanismos de enfrentamento e como tudo isso se relaciona com sintomas e possíveis transtornos.

O paciente é preparado para encontrar formas alternativas de lidar com seus desafios e a modificar crenças e padrões de pensamentos distorcidos que interferem de forma negativa em sua vida. Com o passar do tempo, ele adquire recursos para se tornar o seu próprio terapeuta, ou seja pode replicar o seu conhecimento em situações futuras.

Quando isso ocorre é esperado que haja melhora dos aspectos indesejados pelo paciente, uma vez que ele compreende o seu funcionamento e desenvolve novas estratégias para resolver seus desafios mesmo depois de concluir seu processo terapêutico.

Sabendo de todas essas coisas, fica mais fácil de compreender que quanto melhor conhecemos sobre a nossa saúde física e mental e sobre nosso funcionamento cognitivo, emocional e comportamental, melhor preparados estamos para participar ativamente do processo de mudanças necessárias. Isso vale para o nosso autocuidado em relação a escolha de práticas mais saudáveis para o nosso corpo e mente.

Já parou para pensar quais crenças fazem parte do seu repertório diário? Como elas têm influenciado em suas escolhas, decisões e relacionamentos?