De tempos em tempos, algumas pessoas me perguntam: como escolher um psicólogo, ou pedem para ajudar na escolha de um psicólogo, especialmente pacientes que já estão sendo acompanhados por mim e precisam de outro profissional para atender um familiar.

Também sou consultada quando um amigo ou familiar meu, deseja iniciar a psicoterapia e não sabe por onde começar a busca. Em ambas situações costumo orientá-los de forma mais ampla, mas encontro-me eticamente impedida de atendê-los. Neste caso costumo apoiar na busca de um profissional que possa ajudá-los em seus processos.

Como escolher um bom psicólogo (meus critérios)

Dentre os critérios que considero importantes, para “como escolher um psicólogo” – aliás eu os uso inclusive quando estou em busca de um médico, um nutricionista, fisioterapeuta ou qualquer outro profissional – eu citaria:

  • Verificar onde o profissional realizou a sua formação e se ele estudou em instituições reconhecidas pelo MEC. Isso não quer dizer que precise ter sido na instituição mais cara ou mais famosa da sua região, não se trata disso! Mas a instituição que tenha seu curso reconhecido e aprovado pelos critérios do Ministério de Educação (MEC) e, portanto, está de acordo com os requisitos legais de qualidade de formação.
  • Confirme através das informações acima, se o profissional é um psicólogo. Há uma oferta de serviços oferecidos por coaches e terapeutas em diferentes áreas e formações não regulamentadas que atendem pessoas em desafios de vida pessoal e profissional. O psicólogo possui uma formação de 5 anos, e algumas destas outras formações são concluídas em algumas horas ou dias.
  • O psicólogo deve estar inscrito no conselho regional de psicologia (CRP) do estado onde atua. Esse é um requisito legal para o exercício profissional. Você pode verificar essa informação diretamente no site do CFP, colocando o nome do profissional, ou também se você tiver o número de registro dele.
  • Procure pesquisar sobre a experiência profissional na área que ele atua, se está alinhada com a sua necessidade. Para exemplificar, algumas vezes o profissional dedica-se a pacientes com demandas de transtornos de personalidade e o paciente procura alguém para lhe ajudar com seus desafios de transtornos alimentares.
  • Verifique se o psicólogo que você inicialmente se identificou segue se atualizando através de cursos e formações profissionais. Uma forma comum de pesquisar sobre isso são as redes sociais do profissional. Embora ele nem sempre as utilize, é bastante comum que compartilhe.
  • Pesquise sobre a abordagem teórica que o profissional utiliza. Se possível faça um contato inicial para tirar as suas dúvidas. Na formação em psicologia temos uma diversidade de abordagens teóricas e algumas são reconhecidas por apresentarem melhores resultados para determinados transtornos que outras. Isso não significa que haja uma abordagem única, melhor que as outras! Inclusive hoje em dia muitos profissionais mostram-se mais flexíveis a navegar entre práticas de abordagens com bases científicas afins e aproveitam estratégias que podem ser úteis para o seu paciente.

Esses critérios garantem que você tenha sucesso na sua busca?

A resposta definitivamente é não! Mas a probabilidade de você receber um atendimento com práticas, técnicas e respaldo teórico atualizado, é bem maior que escolher aleatoriamente.

Por que não é garantido?

Porque tem algo que se chama relação terapêutica que é fundamental para o sucesso do tratamento. Quem já não passou por um profissional renomado, de formação inquestionável, referência em um determinado tema, mas que ao pisar no seu consultório sentiu um distanciamento, frieza e quase uma sensação de indiferença? Você recorda como se sentiu? Você se conectou e confiou no processo?

Dependendo da sua expectativa de acolhimento e necessidades específicas pode ou não funcionar para você.

Mas afinal, o que é relação terapêutica?

A relação terapêutica é uma conexão especial entre um terapeuta e um paciente, na qual o terapeuta fornece um ambiente seguro, confiável e sem julgamentos para que o cliente explore seus pensamentos, sentimentos e desafios. É um espaço onde a pessoa pode compartilhar experiências, preocupações e emoções de uma maneira que promove compreensão, autodescoberta e crescimento pessoal. Neste espaço livre de julgamentos, o paciente sente-se seguro também para expressar suas inseguranças, vulnerabilidades psicológicas, dúvidas e etc.

Essa relação é baseada em empatia, respeito e confidencialidade. O terapeuta está lá para apoiar, ouvir e guiar, ajudando o cliente a compreender mais a respeito de si mesmo, a desenvolver habilidades para lidar com dificuldades e a trabalhar em direção a metas pessoais. A relação terapêutica é fundamental para o sucesso da terapia, pois proporciona um espaço seguro para a expressão autêntica e a colaboração no processo de autoexploração e mudança.

Ainda em relação a esse assunto, vale comentar que antigamente a relação entre profissional e paciente, de modo geral, seguia um modelo médico já ultrapassado, no qual o profissional era quem tinha todo o conhecimento e o paciente simplesmente seguia as orientações dadas por ele.

Atualmente essa relação mudou. O profissional continua tendo um conhecimento teórico e busca as melhores práticas para cada situação, mas o paciente tem papel de muito mais protagonismo. Quando ele busca atendimento, já pesquisou a respeito de seus sintomas, traz muitas informações a partir de sua auto observação, que são de extrema importância e com a ajuda do psicólogo, faz as conexões, aprende novas formas de lidar com seus desafios e mudanças necessárias.

Talvez muitas das informações mencionadas não sejam familiares para você. E você não tem obrigação de saber, mas espero ter trazido algumas contribuições com esse conteúdo e o ajude a fazer a sua escolha.

Ah e tem mais uma coisa que eu gostaria de dizer a você!

Se ainda assim, depois de usar seus critérios de avaliação prévia, você não tiver uma boa experiência com o profissional escolhido, não desista do seu acompanhamento psicoterapêutico. Converse com o profissional sobre a sua percepção, sentimentos e expectativas. Ele poderá orientá-lo ou rever com com você a estratégia de tratamento.

Talvez também valha conhecer outro profissional com o qual você se conecte melhor.

* Se essas informações fizerem sentido, você pode consultar minha agenda online.