Antes de falarmos sobre o transtorno de compulsão alimentar (TCA), é importante compreender o que é um transtorno alimentar.
Um transtorno alimentar se caracteriza por uma perturbação persistente na alimentação ou em comportamentos alimentares que interferem no consumo ou absorção alterada dos alimentos e, por consequência, comprometem a saúde física e funcionamento psicossocial.
Os transtornos alimentares, com o passar do tempo, podem causar problemas de saúde física (obesidade, hipertensão, diabetes…) e psicológica (isolamento social, depressão, ansiedade…) trazem prejuízos para a qualidade de vida e, em alguns casos, podem levar a desfechos mais graves, como internações e até mesmo à morte.
Compreender sobre fatores desencadeantes, dinâmica de funcionamento e possibilidades de intervenções eficazes para o enfrentamento, ajuda as pessoas acometidas pelo transtorno a lidar com os desafios de forma mais saudável.
Transtornos alimentares mais comuns
Com um grande índice de prevalência, de acordo com dados do Ministérios da Saúde (2022) estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo sofram em decorrência de algum transtorno alimentar. Entre os mais frequentes transtornos estão:
- Anorexia nervosa
- Bulimia nervosa
- Transtorno de compulsão alimentar
Outro estudo mais recente, publicado em fevereiro de 2023, apontou que uma a cada criança e adolescente (6 a 18 anos) sofrem com algum tipo de transtorno alimentar, sendo mais prevalente entre meninas (30%) que entre meninos (17%).
Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA): entenda
O Transtorno de Compulsão Alimentar está classificado como um dos subtipos de transtornos alimentares, caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar, ou seja, ingestão de uma grande quantidade de alimento, superior ao volume que uma pessoa consumiria em situação semelhante, em um período geralmente inferior a duas horas.
Somado a isso, a pessoa acometida pelo transtorno tem a sensação de falta de controle sobre a quantidade de alimento ingerido, bem como em evitar ou conseguir parar de comer. Os episódios de compulsão alimentar são marcados por comportamentos como:
- Comer mais rapidamente que o considerado normal
- Comer em quantidade excessiva a ponto de sentir-se desconfortavelmente cheio
- Comer grande quantidade sem a sensação física de fome
- Comer sozinho ou escondido por sentir vergonha do quanto está comendo
- Sentir-se deprimido ou culpado depois de comer
Para caracterizar o transtorno de compulsão alimentar não basta a presença de apenas um episódio, devem ocorrer ao menos uma vez por semana pelo período de três meses e a compulsão alimentar não está vinculada ao comportamento compensatório para evitar o ganho de peso, característico de bulimia nervosa (como vômitos auto induzidos, uso inadequado de laxantes, por exemplo).
O que provoca o Transtorno de Compulsão Alimentar?
Muitos estudos têm sido realizados nesta área para compreendermos o que mais frequentemente contribui para que o ocorra o transtorno de compulsão alimentar. Hoje já se sabe que dietas muito restritivas, transtornos de humor e estresse contribuem fortemente para o surgimento. Mas um fator importante é que as pessoas com comportamento alimentar compulsivo geralmente possuem dificuldade de lidar com emoções desagradáveis. Para exemplificar emoções desagradáveis, podemos considerar: raiva, culpa, ansiedade e tristeza.
Tratamento do Transtorno de Compulsão Alimentar
Agora que sabemos que a regulação emocional é um desafio para essas pessoas, parte do tratamento consiste em ajudá-las a entender como lidam com suas emoções e ensiná-las formas mais adaptativas para lidar com elas de forma saudável. Com isso se espera a redução de episódios de compulsão alimentar. O tratamento com base na Terapia Cognitivo Comportamental tem se mostrado como primeira escolha para os casos de transtornos alimentares devido a sua comprovação científica, baseada em evidências.
O modelo cognitivo comportamental considera a influência dos pensamentos sobre as emoções relacionadas aos eventos (situações e experiências do cotidiano), e os comportamentos, afetando a percepção que o sujeito tem de si, dos outros e do futuro.
Se você se identifica com essas características, é importante que considere a possibilidade de pedir ajuda profissional para conhecer sobre seus gatilhos, revisar os seus padrões de pensamento e aprender estratégias para enfrentar situações que normalmente recorreria ao comer transtornado para lidar com emoções desafiadoras.
Por ser um transtorno que afeta diferentes aspectos da vida do indivíduo, torna-se relevante o trabalho em parceria com outras disciplinas além da psicologia, como nutrição, medicina e educação física, além de envolver a família no tratamento.
* As informações acima se propõem a orientá-lo a identificar a necessidade de procurar ajuda profissional. Somente um profissional capacitado para isso pode fazer o diagnóstico.