Embora saúde mental seja um assunto importante e urgente, que deve ser pauta de discussões durante o ano inteiro, o mês de janeiro é reconhecidamente o mês da campanha Janeiro Branco, cujo objetivo central é a engajar a sociedade para a construção de uma cultura da Saúde Mental e do bem-estar emocional na humanidade.

Como uma defensora do tema, eu também faço o meu convite: Vamos falar sobre saúde mental?

Para começar, vamos entender como a Organização Mundial de Saúde (OMS), compreende a Saúde Mental: pode ser considerada, um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade.

Porque a campanha se chama Janeiro Branco?

Primeiro porque Janeiro é o primeiro mês do ano e, usualmente, as pessoas olham para este mês como sendo o começo de um novo ciclo, marcado por um período de reflexão acerca do que é relevante, significativo não apenas para si, mas também para as suas relações. Já a cor branca simboliza a folha ou a tela em branco, pronta para ser escrita a partir de desejos, projetos e expectativas. Seria como uma nova oportunidade de escrever a sua história.

A saúde mental é um importante pilar, que sustenta várias outros em nossas vidas, mas infelizmente ainda é visto, por algumas pessoas, com certo preconceito, tabu, especialmente por desconhecimento. Embora isso seja uma realidade, a cada ano mais e mais pessoas se aproximam deste tema, seja por curiosidade ou necessidade de ajuda para manejar melhor as suas emoções.

A ausência de saúde mental é tão limitante quanto a ausência de saúde física. Tratá-la com os mesmos recursos, suporte de profissionais de saúde e respeito pela sociedade como um todo é fundamental para um adequado enfrentamento.

Porque o assunto saúde mental ainda é considerado um tabu?

Ainda nos dias atuais pode-se observar um estigma acerca do assunto por uma combinação de razões:

  1. Limitada compreensão e conhecimento da sociedade sobre a saúde mental, em decorrência de pouco investimento para uma cultura de educação emocional, o que pode levar a uma série de equívocos.
  2. Vivemos em uma cultura que precisamos parecer fortes, bem resolvidos, bem sucedidos, autossuficientes e não estar em sintonia com isso pode ser interpretado como sinal de fraqueza e motivo de vergonha. Isso é tão problemático que, muitas vezes, pode lavar as pessoas a serem desencorajadas a pedir ajuda e com isso sofrerem sozinhas.
  3. Medo do julgamento social – justamente pela desinformação e a pressão social de estar bem e forte o tempo todo, a pessoa que sofre com algum transtorno receia em ser discriminada, rotulada, não compreendida ou invalidada em seus sentimentos e condições emocionais.
  4. A oferta de serviços de atendimento voltados para a saúde mental, acessíveis a todas as pessoas, ainda não é equivalente aos esforços dedicados aos atendimentos para prevenção, promoção e tratamento da saúde física.
  5. Por muitos anos as pessoas com desafios emocionais foram marginalizadas, retiradas do convívio social, muitas vezes institucionalizadas em hospitais psiquiátricos. Embora hoje já haja maior conhecimento sobre saúde mental e condutas mais apropriadas para o suporte das pessoas acometidas por transtornos, ainda percebe-se reflexos deste passado não tão distante.
  6. Associação entre problemas emocionais e crenças religiosas, atribuindo a origem dos transtornos a causas espirituais. Por consequência disso, os tratamentos convencionais, amplamente estudados e validados cientificamente, deixam de ser a primeira escolha, acarretando em mais sofrimento e, algumas vezes ocorre o entendimento que só resta a aceitação da condição.

O que se espera ao criar uma cultura de saúde mental?

Quando se fala em criar uma cultura de disseminação de informações de qualidade, acolhimento, cuidado às pessoas que necessitam de suporte emocional, espera-se remover estas e outras barreiras que atrasam o desenvolvimento para a saúde em geral.

Em países como a Dinamarca, por exemplo, que trabalham essas questões de forma mais aberta, até mesmo as escolas, contemplam disciplinas voltadas para a sensibilização para o assunto, ajudando desde pequeno a desenvolver a consciência sobre saúde mental e autocuidado.

Associado a isso, esses países desenvolvem políticas públicas para garantir o bem estar social, contemplando segurança, acesso aos serviços de saúde e desenvolvimento sócio-econômico. Isso porque já é de conhecimento geral a complexidade do ser humano, que é composto pela interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ou seja, esses fatores estão inter-relacionados e juntos fortalecem o bem estar em geral e saúde mental.

Ainda que seja pouco falado sobre saúde mental, todos nós conhecemos pessoas que enfrentam desafios nesta área. E, certamente, muitas outras pessoas que conhecemos, estejam em silêncio, isoladas, reclusas e precisando de ajuda. Isso reforça a urgente demanda de evoluir com políticas e práticas consistentes para a implementação de ações que promovam prevenção, tratamento e promoção de saúde mental.

Se você achar que esse conteúdo por ser útil para alguém que está lidando com desafios na área de saúde mental, compartilhe. Mas também encoraje a buscar apoio profissional.